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segunda-feira, 17 de abril de 2017

Quadros Parisienses - Charles Baudelaire

XCIII - A uma passante

A ensurdecedora rua em torno uivava.
Longa, esbelta, enlutada, uma dor majestosa,
Passava uma mulher, que com a mão faustosa,
O festão e a bainha erguia e balançava,

Ágil e nobre, com a perna escultural.
Eu sorvia, crispando como um beberrão,
Em seu olhar, céu lívido de furacão,
O dulçor que fascina e o prazer mortal.

Um raio...a noite cai! - Fugitiva beldade
Cujo olhar me causou um renascer dos dias,
Não te vereis jamais, senão na eternidade?

Alhures, não aqui! Tarde! Talvez jamais!
Pois não sabes de mim, eu não sei aonde vais,
Ó tu que eu amaria, ó tu que o sabias!

BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.

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