LXXIX - Obsessão
Grandes matas, dais medo como as catedrais;
Como o órgão rugis; e em nossos corações,
Quartos de eterno luto onde vibram os ais,
De vosso De profundis ecos são refrões.
Odeio-te oceano! As bordas e os tumultos,
Minha mente os encontra em si; o riso alvar
Do homem vencido, cheio de dor e de insultos,
Eu os ouço no riso enorme desse mar.
Como me agradarias, noite! sem estrelas
Cuja língua me fala idioma conhecido!
Pois eu busco o vazio, e o negro e o despido!
Porém as próprias trevas são para mim telas
Onde vivem, brotando aos olhos por milhares
Seres idos de olhares tão familiares.
BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.
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