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domingo, 2 de abril de 2017

LXXVIII - Spleen

*O nome do poema é "Spleen" então, para diferenciar dos demais, apenas o nome do poema ficará como título e o número do poema.
*Há 4 poemas de nome "Spleen" na seção "Spleen e Ideal", então o diferencial será o número do poema como venho também o enumerando aqui no blog.

LXXVIII - Spleen

Quando pesado e baixo o céu está tapando
Essa alma a gemer, presa de tanta agrura,
E que do horizonte ao círculo abraçando
Dia negro nos dá como uma noite escura;

Quando a terra se torna uma masmorra úmida,
Onde a Esperança, assim como um grande morcego,
Vai batendo nos muros com sua asa túmida,
Contra o teto a chocar a cabeça, ia cego;

Quando a chuva, espalhando inundações tamanhas,
Imita as fortes barras de vastas prisões,
E um povo emudecido de infames aranhas
As redes vêm armar em nossos corações,

Sinos subitamente saltam a soar
E lançam para o céu um urro lancinante,
Como errantes espíritos sem pátria ou lar
Que se põem a gemer continuamente.

- E longos funerais, sem músicas ou tambores,
Desfilam lentamente em minha alma; a Esperança,
Vencida, chora, e a Angústia, atroz em seus horrores,
Sobre minha alma humilde o negro pálido lança.

BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.

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