Adeus

E as rosas de tuas mãos caíram sobre meu rosto,

frio e belo.

Nunca gostei de rosas,

pelo simples fato de saber que seu significado nunca seria nada para mim,

pois nunca fui amada por homem algum.

Melhor assim,

o amor é uma praga,

te escraviza,

e mesmo eu ter nascido uma bela moça,

definitivamente não nasci para ser submissa.

Só amei um homem,

e sei que por ele não seria amada,

sua alma era uma tormenta,

da qual dediquei todo meu coração em segredo,

talvez, era o desejo de me unir a ele,

e seduzir para queimar,

e depois abandonar as cinzas.

Mas infelizmente, não posso seguir seus passos,

sou insignificante a sua penumbra majestosa.

Queimando

Eu vi seus olhos em chamas,
eles queimavam por mim.
Mas eu não poderia ceder a esse fogo,
mas apenas alimentar seus olhos com os meus.

Seu fogo invadiu minha alma.
O contato com a água fez o ar ficar quente,
senti algo bom,
aquele sentimento bom que só o calor traz.

Eu gostaria de ver seus olhos pegando fogo mais uma vez,
mas não posso ceder aos meus desejos.

Desejos proibidos.

Meus olhos também queimam em brasa,
meus lábios contorcem-se,
mas você nunca os vê,
serei sempre o gelo intocável que nunca pode-se ver o que ele é,
é belo, mas imóvel.

Você pode ver o rio correndo aqui dentro,
e eu posso ver o gelo em seus olhos,
somos tão iguais...
Mas você demonstra e eu tento esconder.

Queimando,
trepidando,
o fogo dentro da alma ondula e se desfaz no ar.
E tudo o que restou foi o gelo.
Nossos olhos não se cruzam mais.

Paixão

A paixão é algo que te domina,

te leva a loucura.

Nem que ele fique trancado,

ele explode,

pulsa,

sangra,

mas é intenso.

As vezes um simples olhar é o suficiente,

a presença, mesmo que rápida,

é perfeita,

você se contenta com migalhas.

E ao mesmo tempo você sofre porque não é correspondido.

Chega uma hora que a dor é tamanha
que tudo o que lhe resta é machucar seu coração,
para que ele morra
e esse sentimento agoniante vá embora.

Você tenta evitar o máximo que pode,
mas isso deve ser feito
lentamente...
você o faz.

E tudo o que sobra é só um pedaço de carne podre.

Saudação

Olá, velho corpo,

que em ossos foi tudo o que sobraste.

Toda a beleza, o sangue, a carne

foi comida pelos vermes.

Tais quais nunca foram diferentes de mim,

o pobre homem é o que mais devora por onde passa,

jóias, comida, mulheres, luxuria, avareza, riqueza,

entre todo o resto do mundo,

e deixa apenas os frangalhos que de nada servem para os demais.

Velha carcaça, 

tão desprezível aos meus olhos agora,

outrora fora motivo de orgulho e requinte,

belos braços,

cabelos de ouro,

olhos esmeralda,

dentre tantas outras qualidades.

Vou levar de ti apenas uma lembrança,

talvez a mais bela, 

o vazio do teu coração,

que nunca amaste,

ele padeceu jovem com a tortura que este mundo o proporcionou.

E mais uma vez eu vivo,

trocando de corpo como quem troca a roupa.

Mais uma vez, apenas para usufruir dos prazeres vazios que a vida dá.

Guarde

Como a sereia,

tenho a bela voz.

Mas canto apenas para meu coração ouvir.

Quero a glória,

mas temo a loucura.

Quero fortuna,

mas temo a ganância.

Sou a Sereia,

que prefere o fundo do mar,

do que a superfície.

Minha beleza é sufocante,

meus olhos as estrelas do céu,

minha voz a harpa.

Sei que minha beleza esvaicerá,

sei que dói ser esquecida,

mas prefiro isso do que a loucura.

Não posso deixar ela dominar-me,

por puro capricho meu.

Vocês realmente não se importam,

apenas querem seu alimento,

como eu quero o meu.

E por puro prazer, eu cantarei apenas para mim,

serei admirada por mim.

Serei egoísta como vocês.

Amigos

Por favor, tragam-me o silêncio,
a escuridão,
e meus sentimentos.

Porque eu sempre necessito deles,
todos juntos,
coisa que raramente acontece.
Nunca esses três amigos estão juntos.

As vezes é doloroso,
mas a maioria das vezes são eles que fazem-me sentir-me vivo.
Sou só mais uma casca que precisa de um coração para ser humano.
Preferimos esquecer os sentimentos, pois eles sempre doem demais,
mas a dor muita vezes só quer ser nossa amiga,
e mostrar que mesmo a coisa ruim é boa.

E mesmo depois desse tempo maravilhoso que passei com meus velhos amigos,
eu sempre posso sorrir para o silêncio e ele saberá o que meu sorriso significa,
eu sempre poderei sorrir para a escuridão e ele saberá o que meu sorriso significa,
eu sempre poderei sorrir para meus sentimentos e eles saberão o que meu sorriso significa.

Olhos brilhantes

Ó, esses olhos brilhantes...
Tão vivos,
cheio de fogo,
queimando
e refletindo como um espelho.

As estrelas do espaço posso ver,
e essas estrelas são para mim talvez.

São estrelas misteriosas,
belas sedutoras,
elas penetram em minha alma,
que unicamente para no tempo para contemplá-las.

Por favor, estrelas
continuem brilhando,
mesmo que vós não gosteis de mim.
O meu silêncio será o mais profundo possível
para que vós não vades embora.

E eu posso comtemplar
no silêncio da escuridão.

Fases

Sou como a água congelada,

Sempre imóvel, bela e desprezível.

Quando o sol vem, reluto em derreter,

mas derreto.

Pareço imóvel aos olhos,

mas movimento-me por trás da minha face,

dentro do meu coração.

Mas você pode perceber sinais, 

pequenos, para que você perceba que estou sentindo.

E talvez venha nadar em minhas águas e ver que no fundo do lago,

está a beleza,

a minha bela face.

Quebra-cabeça

O coração é como um quebra-cabeça.
são várias peças.
e você dá uma peça para cada um.

Mas as pessoas costumam destruir as peças,
e a figura fica sempre incompleta.
Nunca pode ser completada.

E mesmo que existam muitas peças,
um dia elas acabam,
e são tão poucas peças que restaram
que você nunca vai ter ideia do que é,
e principalmente de quem você é.
porque a imagem é difícil de se distinguir.

Rosas de papel

Eu lembro das rosas negras,
rosas de papel,
agora mortas
e belas.

Nunca gostei de rosas
principalmente as vermelhas,
não sei ser eram sangue ou paixão.

Rosas amarelas, tão suaves
E rosas brancas, tão frágeis.
Mas as rosas negras, eram fortes
sedutoras,
vivas
e eternas.

Não quero a maciez de suas pétalas,
quero a aspereza do papel.
E suas veias que correm
minúsculas
em meus olhos.

Restos mortais.

O ser humano aprecia a morte.
Mesmo que seja vegetariano,
não percebe que usa outras coisas mortas para seu adorno.
Os móveis de sua casa são feitos de carcaças das árvores,
E se vem com essa história de que o plástico não é coisa morta,
Não, ele é!
Decomposição dos corpos de plantas e animais em milhares de anos.

Calem a droga da boca!

Se um dia proferirem o que escrevi.

Por favor, não o digam em voz alta para ninguém!

Alguns débeis estragam toda a poesia!

Se achando os tais!

Achando que eu gostaria de ouvir!

E achando que pronunciam palavras belamente!

Guarde isso para si mesmo!

Embora alguns cheguem a perfeição,

prefiro o silêncio do que a vergonha!

E se a repetição funcionar,

calem suas bocas e deixem que apenas a leitura o sacie!

Criança

Feita de ouro,

Os olhos faiscantes de inocência.

A imensidão nos olhos.

E a pureza nos lábios.

Pequenos braços,

delicados e macios,

os pequenos dedos movimentam-se. 

Como não amar a perfeição?

Como não dar o resto de coração a ela?

Mesmo que um dia ela te mate,

valeu a pena,

porque tudo o que resta é a lembrança feliz que ela te traz.

E que ela te deu amor em apenas um inocente e fugaz olhar.

E a criança voltou a brincar com os amigos.

Tudo

Eu sou o mar,

não o rio.

Eu sou a tempestade,

não a chuva.

Eu sou o tornado,

não a brisa.

Você já experimentou a minha intensidade,

como diz que não conhece-me?

Você viu o fogo em meus olhos,

como pode dizer que a culpa é minha por você se queimar?

Você sempre soube o que sou,

mas finge ignorar.

Bom dia olhos azuis.

Bom dia olhos azuis,

Vocês não são nada para mim,

Não são belos como o céu,

nem tão vivos como a água,

não vejo a beleza que tanto clamam.

Boa tarde olhos azuis,

que são tão desdesenhosamente superiores,

São sempre superfluos,

E nunca, nunca vejo o que há por trás deles,

a não ser a falsidade e a dúvida.

Boa noite olhos azuis,

Nem tão escuros podem ainda enfeitiçar-me,

amei-os tanto outrora,

mas nunca mais serei infeitiçada porque os demais se levam facilmente por olhos que são tão exóticos quanto os meus,

porque os meus são sempre os desejados,

sempre tiveram tudo,

o sentimento,

a verdade,

a sinceridade.

Mostram sempre o que eu sempre quis, e o que todos erroneamente fingem querer,

fingem querer a verdade,

fingem querer a sinceridade,

fingem querer o sentimento,

porque eles simplesmente acham forte demais e não conseguem aguentar a fúria de tudo isso,

mas eu fui forte o suficiente para desejar,

por mais que doa.

Boa noite a tudo e a todos,

os olhos,

porque eu os conheço em toda sua plenitude.

Todos seus segredos,

e todas as suas intenções.

Olá

Oi galera, como tem-se informado de que sou formada em Letras, me interesso muito por livros e geralmente passeando pela submarino ou outro site, "descubro" livros e filmes novos ao meu conhecimento. É interessante quando encontramos algo grande e como nunca os vimos. Numa dessas "viagens" achei o filme "A Dama das Camélias" de 1936 com Greta Garbo, indo ao youtube conferir o trailer, além de assistir o trailer da versão de 1936, olho nas sugestões e surge o de 1921.
E acho além disso o filme completo de 1921, que é uma versão do livro só que trazido para os anos 20. O teatro mudo sempre me impressionou muito, embora eu não tenha assistido muitos filmes mudos e os preto e branco acho-os misteriosos e a nuance do cinza é bastante atrativa e interessante aos meus olhos.
Com a impressão de algumas simples imagens, estou fazendo uma homenagem colocando fotos no plano de fundo sobre o filme de 1921. A atriz que faz a personagem principal me assustou demais, ela nos mortifica, parece uma atriz perfeita para filmes de terror, com seus olhos bem destacados, pele muito branca e boca muito pequena, dá a impressão de ser algo não natural e vivo. O que aumenta esse ar horripilante é a baixa qualidade de nitidez dos filmes mudos, sob o pó de arroz, todos os atores jovens adquirem uma palidez mortal, e como eu disse anteriormente, a baixa qualidade da nitidez dos filmes mudos tem um efeito de pequena percepção dos olhos, que quase desaparecem e mais nos aterrorizam.
Pesquisei um pouco sobre a atriz Alla Nazimova e a vida dela foi MUITO interessante e penosa.

Estão aí duas imagens horripilantes de Alla Nazimova.

Se quiserem, assistam o filme "A Dama das Camélias" de 1921: https://www.youtube.com/watch?v=JEtMgrJN4EY

Desejo

Livre como o vento

eu quero ser,

apenas observo a liberdade,

parece tão fácil, mas sei que não é.

Renunciar as deliciosas algemas,

que tanto amamos.

Apenas fantasio

minha liberdade,

parece tão bela,

mas eu sei o quanto é caro.

Sou hipócrita quando afirmo ter me libertado de certas correntes,

mas no fundo sei que ainda estou presa.

Só pensando em me libertar,

e respirar o fedor do esgoto,

mas quem disse que tudo é perfeito?

Se nem a prisão de delícias é perfeita,

Quem tudo tem, se enjoa facilmente.

Eu lentamente procuro as chaves,

para me libertar da amordaça.

Sair desse pegajoso doce,

e experimentar a amarga libertinagem.

Não é a hora de ir.

Morte,

Suas garras finas

Tentam pegar as minhas finas mãos entre o vento.

Mas não as conseguem agarrar.

O vento não deixa,

Que você me possua.

O vento se delicia com minhas mãos.

Beija-as ternamente.

E não querem dividi-las contigo.

São mãos finas,

Quase assemelhando as suas.

O decoro é quase absorto.

Mas ainda não é a hora

De ir.

Dias

O dia escorre

Se esvai

Segunda,

Terça,

Quarta,

Quinta,

Sexta,

Sábado,

Domingo.

Tudo igual,

Monótono,

Chato.

Velhos óculos

Via de um jeito,
vejo de outro.

As lentes mudaram,
elas sempre mudam.

Mudam constantemente,
a cada dia que passa, um óculos diferente.
Mas fica na memória o óculos sem cor, sem aros, que usei aos 5 anos.
Vi coisas comuns,
mas aqueles óculos,
como que mágicos,
fizeram eu ver dentro da minha cabeça princesas,
rios de fogo,
finais felizes,
bondade,
coragem,
a chuva,
a felicidade,
a dor,
os olhos do papagaio,
o céu azul.

Eram tantas coisas, mas não me recordo mais,
só as sensações vem,
daquele óculos,
gostaria de usá-lo novamente,

Fantasma

Olá fantasma,

Que caminha apressadamente cruzando minha fronte,

Sem olhar nos meus olhos.

Olá fantasma,

Que deixa o desejo intenso de minha alma,

Para apenas ser reconhecida por ti.

Olá fantasma,

Que se esqueceu de mim,

Mas eu nunca o esqueci.

Olá fantasma,

Que nunca perdoou a si mesmo,

Mas eu o perdoei.

Adeus fantasma,

Que sempre se vai para o inferno,

Em busca de perdão.

Adeus fantasma,

Que tem o meu desprezo pelo desprezo em relação a uma antiga alma amiga,

Da qual se você não vier, ela nunca mais virá.

Adeus fantasma,

Que simplesmente passa em minha fonte,

E desaparece.