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sábado, 20 de dezembro de 2014

Renúncia - Manuel Bandeira.

Chora de mando e no íntimo...Procura
Curtir sem queixa o mal que te crucia:
O mundo é sem piedade e até riria
Da tua inconsolável amargura.

Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a amá-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
E será, ela só, tua ventura...

A vida é vã como a sombra que passa...
Sofre sereno e de alma sobranceira,
Sem um grito sequer, tua desgraça.

Encerra em ti tua tristeza inteira.
E pede humildemente a Deus que a faça
Tua doce e constante companheira...

Chama e fumo - Manuel Bandeira

Amor - chama, e, depois, fumaça...
Medita no que vais fazer:
O fumo vem, a chama passa...

Gozo cruel, ventura escassa,
Dono do meu e do teu ser,
Amor - chama, e, depois, fumaça...

Tanto ele queima! e, por desgraça,
Queimando o que melhor houver,
O fumo vem, a chama passa...

Paixão puríssima ou devassa,
Triste ou feliz, pena ou prazer,
Amor - chama, e, depois, fumaça...

A cada par que a aurora enlaça,
Como é pungente o entardecer!
O fumo vem, a chama passa...

Antes, todo ele é gosto e graça.
Amor, fogueira linda a arder!
Amor - chama, e, depois, fumaça...

Portanto, mal se satisfaça
(Como te poderei dizer?...),
O fumo vem, a chama passa...

A chama queima. O fumo embaça.
Tão triste que é!Mas...tem de ser...
Amor?... - chama, e, depois, fumaça:
O fumo vem, a chama passa...

Paisagem Noturna - Manuel Bandeira

A sombra imensa, a noite infinita enche o vale...
E lá do fundo vem a voz
Humilde e lamentosa
Dos pássaros da treva. Em nós,
- Em noss'alma crimonosa,
O pavor se insinua...
Um carneiro bale.
Ouvem-se pios funerais.
Um com grande e doloroso arquejo
Corta a amplidão que a amplidão continua...
E cadentes, metálicos, pontuais,
Os tanoeiros do brejo,
- Os vigias da noite silenciosa,
Malham nos aguaçais.

Pouco a pouco, porém, a muralha de treva
Vai perdendo a espessura, e em breve se adelgaça
Como um diáfano crepe, atrás do qual se eleva
A sombria massa
Das serranias.

O plenilúnio vai romper...Já da penumbra
Lentamente relumbra
A paisagem de grandes árvores dormentes
E cambiantes sutis, tonalidades fugidias,
Tintas deliquescentes
Mancham para o levante as nuvens langorosas.

Enfim, cheia, serena, pura,
Como uma hóstia de luz erguida no horizonte,
Fazendo levantar a fronte
Dos poetas e das almas amorosas,
Dissipando o temor  nas consciências medrosas
E frustando a emboscada a espiar na noite escura,
- A Lua
Assoma à crista da montanha.
Em sua luz se banha
A solidão cheia de vozes que segredam...
Em voluptuoso espreguiçar de forma nua
As névoas enveredam
No vale. São como alvas, longas charpas
Suspensas no ar ao longo das escarpas.
Lembram os rebanhos de carneiros
Quando,
Fugindo ao sol a pino,
Buscam oitões, adros hospitaleiros
E lá quedam tranquilos ruminando...
Assim a névoa azul paira sonhando...
As estrelas sorriem de escutar
As baladas atrozes
Dos sapos.
E o luar úmido...fino...
Amávico...tutelar...
Anima e transfigura a solidão cheia de vozes...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Encontro

Entre a multidão, estava eu, andando infinitamente observando a minha volta, era uma cidade grande, como em filmes, mas não se parecia a nenhuma das grandes capitais do mundo afora. As lojas a volta vendiam de tudo: flores, roupas, animais, carnes, utilitários, eletrodomésticos e etc, eu não sabia onde estava, mas continuava andando, primeiro parei em frente a uma vitrine de uma loja de animais, eram cães, gatos, periquitos e peixes. Gatos sempre foram meu encanto, pela jaula eu pude olhá-los, olhar profundamente nos olhos e sentir que eles todos me pertenciam e eu pertencia a alma de todos eles, fiquei estasiada por minutos, desejando comprar todos, mas lembrei de que sou fiel a apenas uma gata e ela fiel a mim. Demorei alguns segundos para deixá-los para trás, enquanto o amor ia desfalecendo, os olhos tristes por tudo. Andei alguns poucos metros e parei em frente a floricultura, dessa vez namorando as flores, não achei a Jasmim, era uma das que mais gostava e achava as vezes entre os quintais expostos das casas. Mergulhada em meu prazer interior ele veio sem avisar, um velho de repente parou a minha frente e disse em um tom limpo:
- Seus olhos estão tristes.
Pegara-me de surpresa, como se tivesse a minha alma em suas palavras, ele conhecia a minha alma. Olhei para ele sem responder nada, surpresa, analisando sua fisionomia: era velho mas não muito enrugado, parecia ter pouco mais de 60 anos, tinha cabelo grisalho, um pouco curto e liso, era um pouco mais alto que eu. Quando o pensamento sobre analisar sua fisionomia se foi, senti medo, o medo sempre fora algo meu, o medo e a tristeza, coisas causadas por este mundo, eu era uma pobre criatura que não tinha força muito menos palavras para serem minha espada e escudo, só a raiva. Ele disse mais uma vez calmamente:
- Não tenha medo, eu apenas vi o que há aí dentro.
E sorriu, fiquei mais transtornada ainda, alguém conhecia meu coração. Quando percebi, estava com a armadura de prata em meu corpo, não era pesada como sempre imaginara, e a espada na mão direita.
- Não precisa empunhar sua espada e usar sua armadura sempre.
Em um acesso de raiva eu disse.
- Eu preciso!
- Entendo... Mas não precisa ter medo toda vez.
- Preciso! Você não sabe o que acontece quando tiro-a.
Ele olhou para o lado e depois para mim novamente.
- Talvez você esteja certa. Sempre haverá dor com ou sem armadura e espada.
Ele virou-se e se foi andando pela rua, a raiva borbulhava sobre mim ainda, odiava o que havia acontecido, tudo tão de repente e alguém me desafiando com aquelas palavras como quem manda em mim, eu tinha a espada e a armadura, ninguém mandaria mais em mim! Já se fora o tempo onde dominavam a mim! Ninguém mais me dominaria e conheceria a mim! Eu era um mistério odioso, cheio de raiva e ódio, eu os amava, eles eram minha armadura e espada e eu bem sabia, sabia que eles destroem mas os escolhi para vesti-los, eles eram meus e eu os dominaria! A calma foi tomando forma em mim, a ultima coisa que lembro-me foi de olhar para flores amarelas. Quando acordei e ainda de olhos fechados refleti sobre o sonho, percebi que havia tido um encontro com minha alma, ele era minha alma, velha e conhecia-me como ninguém, meu coração sentiu uma leve tristeza por uma ilusão criada pela mente, achei que alguém havia entendido meu coração, mas era só minha alma, havia sido tão feliz no momento que acordei e senti que alguém conhecia meu coração, era tristeza misturada com a perdição, como sempre, essa sensação perseguia meu coração a anos e eu tentava desvendar meu coração, conheço-o, mas não todo e isso levou-me a eterna perseguição da compreensão, coisas que quero descobrir sozinha, mas ao mesmo não quero descobrir, as vezes o segredo é muito mais delicioso que o conhecimento, o conhecimento você já conhece e não tem mais motivos de se atordoar e buscar por algo, o conhecimento é o fim, o mistério é o começo.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Suspiros

Quanto mais eu penso,
Mais o coração perfeito está em ruínas.
Para apenas refletir no vento.

Aquele que dá as respostas, 
Dosada com dor,
E com o coração nas mãos.

O vento levou tudo outra vez,
Esfarelou ao chão.
Como cinzas.

domingo, 30 de novembro de 2014

Silêncio

Uma vez imaginei o silêncio,
nesse mundo moderno
cheio de barulhos
o tempo todo,
carros passando pela avenida,
musicas sendo tocadas altas
e a luz,
insistidamente,
cegam meus olhos.

Não posso dormir,
não posso fugir.
Não fisicamente,
mas as vezes devaneio.
O silêncio...

Parece com a morte,
Mas assemelha-se mais com a vida.
É tão pura...

Assim como o vento,
sua eterna amiga e confidente,
ela faz a minha alma sentir-se plena,
o nada,
o tudo.

Que eu preciso ouvir,
que eu preciso sentir,
que eu preciso ver,
tudo ao mesmo tempo.
E a felicidade, é o resultado dessa química poderosa,
a química natural.

O preço a ser pago para obtê-la é caro,
mesmo que dure brevemente,
é a melhor sensação do mundo,
sua eternidade está em sua brevidade,
que lateja em minhas mãos.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Esperança

Esperando o que nunca virá
Mas o coração insistidamente espera
Espera...

Numa crescente espera,
O que alimenta a expectativa,
Sempre,
É o coração,
Ele espera, espera, espera...
E fantasia o reencontro.

Mesmo que nunca ocorra
Ò ele o deseja!
Ó ele o faz acontecer!

Em seu coração!

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Sangue

O sangue
Derramado sob nossas peles
O sangue
Que nem mesmo lavando inúmeras vezes, sai de nossas carcaças,
O sangue que permanece sob a alma.

A morte, está sob nossas mãos.
Nossos lábios,
Nossos corações.
Manchados.

Consegue ver?
Não... Pois você não consegue nem abrir seus olhos,
Quanto mais ver o sangue,
Quanto mais que ele pertence a si próprio.

Consegue sentir?
As facadas que você dá em si mesmo?
Não... Pois você acredita na ilusão de que os outros são os culpados.
Não consegue enxergar as facadas que você dá em si próprio.

A morte vem...
Com seu cheiro tão familiar...
Outra vez,
Sem se espantar.

Outra vez...
Outra vez...

Outra vez...

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Resenha do Filme: Germinal, adaptado da obra de Émile Zola.

RESENHA

Filme: Germinal, adaptado da obra de Émile Zola.

OLIVEIRA, Taysen Caroline Modzinski de, Curso de Letras, Universidade Estadual do Paraná de Paranavaí, Paraná, Brasil.

O filme Germinal retrata a dura realidade do século XIX aos proletariados que com a Revolução Industrial viraram escravos das maquinas e da sobrevivência, e alimentavam os burgueses da época. O filme Germinal produzido pela França em 1993 e foi baseado na obra de mesmo nome de Émile Zola. O filme foi dirigido por Claude Berri e contém 160 minutos de duração e conta com um grande elenco, entre eles Gérard Depardieu incorporado no personagem amoroso e valente Toussaint Maheu, Miou Miou como a mãe defensora Maheude. O filme conta a história de um desempregado chamado Étienne Lantier que chega a uma região carbonífera a procura de emprego, Étienne vai a uma mina e consegue um emprego como mineiro, no primeiro dia faz amizade com Toussaint e sua filha Catherine. Étienne conforme vê a situação de extrema miséria que aqueles mineiros viviam, o dinheiro pago que mal dava para comprar pão, decide liderar uma greve contra os patrões que eram os burgueses e viviam em luxuoso conforto as custas do suor e das mortes dos proletariados das minas. Porém a greve trouxe muita fome e morte, Étienne sofria pelas pressões dos proletariados com as necessidades de pão que a greve gerou, de sua paixão frustrada por Catherine(que estava apaixonada por Étienne também mas estava morando com Chaval), e a morte de Toussaint que enfrentou o exercito e levou um tiro pela afronta; ele cede a greve e vai trabalhar. No dia em que Étienne volta ao trabalho acontece um grande desmoronamento e Étienne fica preso com alguns outros empregados da mina e vão todos a procura de uma saída em uma antiga mina, mas por conta de desmoronamentos menores durante o caminho, Étienne e Catherine ficam presos e Chaval depois os encontra, Chaval cheio de cólera e frustrado tenta ter relações amorosas com Catherine (eles haviam rompido antes do desmoronamento), mas Étienne com ciúmes e querendo proteger a amada do estupro, mata Chaval. Catherine e Étienne estavam quase sem oxigênio para respirarem mas estavam felizes por finalmente estarem juntos, enquanto isso os trabalhadores da mina que estavam tentando salvar os sobreviventes e então acontece uma explosão pois o irmão de Catherine, Phillippe, desenrosca a lamparina e ocorre a explosão decorrente do gás da mina e Philippe morre,durante dias os mineiros escavam a procuram de sobreviventes quando finalmente encontram Catherine e Étienne, Catherine morta de fome e Étienne a beira da morte mas vivo. No outro dia, devido ao marido e os filhos mortos que sustentavam a casa e só lhe restando uma única alternativa, Maheude vai trabalhar para manter seus outros filhos e Étienne decide ir embora.

            O movimento literário Realismo surgiu devido ao desgaste do Romantismo, cansados do subjetivismo, os novos autores buscavam nas descobertas cientificas um modo para inspirarem-se a criarem um novo tipo de literatura, na teoria comparativa da evolução de Charles Darwin, nas experiências que Pasteur observa e descobre os organismos microscópicos, Lamark que estabelece as bases concretas para a biologia, tudo isso gera aos novos autores ideias de que somente através da observação e experiências que visem apenas na realidade, em o que eles podem ver, o que é verdade, aplicar o conceito de observação e dedução dos fenômenos ocorridos em suas histórias e conforme o meio, os personagens seriam influenciados em seus destinos, é então nesse rumo que a literatura caminha. No filme a situação de sofrimento dos proletariados é claramente uma alusão ao Realismo, onde o filme decorre apenas da vida comum dessas pessoas, da realidade, do que realmente acontecia com elas. Através da analise de suas situações é que o telespectador observa essa realidade e dependendo o tipo de comportamento e meio que essa personagem vive, o leitor pode deduzir qual será seu destino. Em Germinal, Étienne é um revolucionário que oscila em seus ideais, mas sempre é perseverante em situações boas ou ruins, ele representa no filme e no livro a ideia de perseverança, na literatura Realista, cada personagem representa um tipo de pessoa que pode existir no mundo real e mostra o que sua personalidade pode causar, no caso de Étienne, sua perseverança causou muita destruição pois o meio não lhe proporcionava sucesso em seus ideais. Outra característica do Realismo é a critica social, no filme Germinal fica a critica da exploração dos proletariados pelos burgueses e a luta desarmada dos proletariados contra o exército que ironicamente defende a burguesia da fúria dos proletariados. Há também a descrição do presente no filme que se inspirou na obra que fora publicada em 1850, portanto o filme tem que representar o contexto de época de acordo com o que era presente quando o livro foi publicado.

            Não só Realista, o filme entra dentro de outra questão literária, o Naturalismo, baseado também na teoria das evoluções de Charles Darwin, o Naturalismo na literatura se manifesta através de que o meio influencia a característica psicológica do personagem, essa característica psicológica em Germinal é da sobrevivência, trabalhar para comer, portanto as personagens viviam para trabalhar e o trabalho gerava seu pagamento, a comida; outra característica do Naturalismo é o instinto que leva o personagem a agir da forma que age no romance, em Germinal, o sexo era uma forma de aliviar as tensões, as pessoas faziam sexo como animais em Germinal, alguns exemplos disso encontramos quando Chaval após ter “pagado” a fita a Catherina, fica claro que suas intenções eram de ter relações sexuais com Catherina, forçando-a a dar algo em troca do que ele pagou(sexo), mesmo Catherina não querendo, ele a força; outro exemplo do filme é quando Toussaint após um dia duro de trabalho enquanto tomava banho, força sua esposa a fazer sexo com ele como forma de aliviar suas tensões. Embora Étienne espere por Catherine, ele não demonstra seus instintos, ele é portanto um elemento romântico do filme, tanto em esperar Catherine como por seus ideais revolucionários.

            O filme é uma ferramenta interessante, pois nos leva a entender o contexto de época, a luta dos trabalhadores, e como esse contexto esta presente mesmo que de forma diferente, em nosso cotidiano, onde as pessoas de classes altas exploram os trabalhadores que precisam do emprego para sobreviverem e a falta de direitos que mesmo hoje no século XIX ainda existe, como a impossibilidade de greve aos trabalhadores, onde o “burguês” ameaça o trabalhador com a demissão ou a falta de pagamento por um direito que é seu. Infelizmente essa realidade ainda é presente.






Referências:


Germinal (filme – 1993). Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Germinal_(1993)
Acesso em: 03 jul. 2014.

BRAS, Luiz. Crítica: “Germinal”, de Émile Zola, incita proletários contra a burguesia. Folha de São Paulo. Postado em 20/04/2013 às 04h07min. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/04/1265381-critica-germinal-de-emile-zola-incita-proletarios-contra-a-burguesia.shtml
Acesso em: 03 jul. 2014.

CABRAL, Marina. O Naturalismo. Brasil Escola. Disponível em: http://www.brasilescola.com/literatura/o-naturalismo.htm
Acesso em: 03 jul. 2014.

Germinal. Youtube. Canal CGT Catalunya. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XFs0LCnW-lM
Acesso em: 03 jul. 2014.


BARBOSA, Zilda Ferreira. Apostila de Literatura Portuguesa II - 4º série – Letras – 2014.

Resenha: Primo Basílio - Eça de Queirós.

Oi gente, também vou disponibilizar uma resenha que fiz do romance "Primo Basílio - Eça de Queirós", em breve em PDF. Espero que ajudem os alunos em geral, é uma resenha bem básica do romance.

RESENHA

Primo Basílio – Eça de Queirós.

OLIVEIRA, Taysen Caroline Modzinski, Curso de Letras, Universidade Estadual do Paraná – Campus Paranavaí, Paraná, Brasil.

Primo Basílio é uma romance realista que trata a depravação moral da burguesia portuguesa da época em que foi escrito,1878, temas polêmicos como adultério, perversão e intimidação causada pelo adultério são tratados no romance.  O livro Primo Basílio foi designado como opção de leitura para o seminário de leitura e análise, administrada pela professora XXXXXXX(não posso citar nomes aqui gente) na matéria de Literatura Portuguesa II, escrito por Eça de Queirós, edição de 2008, 490 páginas, editora Best Bolso. No romance realista de Eça de Queirós, narra a história de um casal feliz chamado Luísa e Jorge, por conta de seu trabalho, Jorge viaja e deixa Luísa na companhia de duas empregadas. E eis que Luísa fica sabendo da volta a Portugal de seu primo Basílio Brito, os dois se encontram e começam a relembrarem o seu passado amoroso de juventude e Luísa sem a companhia de Jorge sede os galanteios de Basílio e eles iniciam um caso. Com o tempo a vizinhança começa a suspeitar das visitas frequentes de Basílio e a empregada Juliana apenas observa para que possa conseguir algo da patroa; por conta do falatório, Juliana e Basílio vão ter seus encontros em outro lugar, e Luísa inventa um pretexto para despistar a vizinhança e Juliana, mas um dia Juliana descobre as cartas com conteúdos sobre a intimidade dos amantes e passa a ameaçar Luísa, Basílio temendo que ele se prejudicasse inventa que precisa partir á Paris a negócios e deixa Luísa se entender com Juliana. Luísa desesperada cede às exigências de Juliana e passa a fazer o serviço doméstico e lhe dar roupas, lençóis de linho e um quarto melhor. Jorge volta a casa e vê a situação, Luísa para se explicar ao marido, diz que Juliana está muito mal de saúde e está apenas ajudando e sentindo pena, Jorge irado manda Juliana embora, Luísa temendo a ira de Juliana vai atrás de um amigo e conta o acontecido, este que se chama Sebastião lhe diz que irá assustar Juliana e assim o faz, mas Juliana morre por conta do nervosismo e sua saúde debilitada. Luísa se vê aliviada, mas então fica muito doente, uma carta de Basílio chega e Jorge a lê e descobre a traição de Luísa e a trata com desprezo e indiferença, Luísa melhora um pouco, no entanto acaba morrendo em seguida.

            O romance está repleto de reflexões acerca da sociedade portuguesa do final do século XIX, o adultério de Luísa com Basílio é visto como algo escandaloso, mas quando no final do romance é citado que Jorge traia Luísa e por isso adiava sua volta para casa, à forma como é narrada, dá a entender que Jorge pode trair e Luísa não, o machismo presente na época é forte, tanto é que Luísa morre, esse é o destino das adulteras, mas não dos adúlteros que não devem se sentirem culpados. O amedrontamento de Luísa e como ela cede às ameaças de Juliana pode ser observado como a fragilização da mulher da época, a falta de conhecimentos e como a mulher deveria ser passiva e ignorante, só o homem poderia ser inteligente e fugir da responsabilidade sem ser culpado, essa é outra questão a ser analisada, segundo os preceitos atuais e a ascensão dos direitos das mulheres, observa-se o conflito causado na sociedade atual e a sociedade tradicionalista, embora ainda atualmente sucedesse frequentemente a submissão da mulher e a opressão que ela sofre da sociedade machista. Por conta dessa questão imposta no contexto da época, Luísa não tem opções de contornar o problema e ser perdoada, o autor então mata sua personagem, pois era a única opção que ela tinha em meio ao grupo social da época.

A renovação da linguagem e o universo mitopoético de Guimarães Rosa

Oi gente, hoje resolvi postar um trabalho que fiz para a matéria de Literatura Brasileira sobre Guimarães Rosa. Aos estudantes de Guimarães Rosa, espero que ajudem. :) Em breve o colocarei a disposição em PDF.


João Guimarães Rosa
João Guimarães Rosa nasceu em 27 de junho de 1908 em Cordisburgo, Minas Gerais. Desde cedo se interessou pelo estudo, principalmente no estudo de línguas estrangeiras.
Iniciou-se sozinho no estudo do francês. Um frade ensinou a ele o holandês e o ajudou a seguir no estudo do francês. Após passar por alguns colégios, fixa-se em Belo Horizonte, onde completa o curso secundário em uma escola de padres alemães. Logo que ingressa, Guimarães Rosa começa o estudo de alemão. Ainda nessa cidade, matricula-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, em 1925. Nem tinha formado, quando em 1929, escreveu seus primeiros contos e deu início à sua carreira como literário. Já a princípio, ganhou prêmio em dinheiro pelos tais contos, ao participar de concurso oferecido pela revista “O Cruzeiro”. Nesse período, suas obras, apesar de premiadas, não tinham a linguagem literária que representou um marco na literatura brasileira.
O texto de Guimarães Rosa caracteriza-se pelo uso de inovações da linguagem, essas inovações da linguagem são aclamadas pelas criações ou intervenções de vocábulos já existentes na língua portuguesa, além da mistura entre língua popular e erudita, criando assim a sensação de confusão por parte do leitor, o anacoluto.

Características de sua obra
Além das criações de palavras (neologismos) podemos apontar outras características.
- Uso de aliterações e onomatopeias  no intuito de criar sonoridade
- Temas envolvendo destino, vida, morte, Deus.
- A língua falada no sertão está presente em sua obra (fruto de anotações e pesquisas lingüísticas).
Guimarães Rosa utiliza termos que não são mais usados, cria neologismos, faz empréstimos de palavras estrangeiras e explora estruturas sintáticas para recriar e reinventar a língua portuguesa.
Além disso, Guimarães Rosa faz uso do ritmo, aliterações, metáforas e imagens para criar uma prosa mais poética ficando no limite entre a poesia e a prosa.
A obra de Guimarães Rosa é extremamente inovadora e original. Havia o uso do neologismos em suas obras(a arte de inventar palavras) que o autor utilizava em seu regionalismo,onde descrevia o sertão mineiro representado principalmente pelos jagunços(bandos de soldados,como os cangaceiros na Região Nordeste),saindo da linguagem inteiramente cotidiana e do sertão ‘’superficial’’(as particularidades e cotidiano de povo),para uma linguagem nutrida pela fusão da erudição,modificando o regionalismo na literatura.
O regionalismo de Guimarães Rosa pode ser classificado como universal, pois o sertão rosiano não é apenas um simples sertão. O sertão rosiano é o próprio mundo dos personagens, não um lugar que causa a miséria,a pobreza dos personagens como os de Graciliano Ramos,e sim um lugar ideal para a reflexão psicológica dos personagens de Rosa sobre o existencialismo da vida,sobre temas ambíguos que estão presentes em todos os homens(como a existência do diabo,ou de Deus;). Ou seja, seus personagens não serão enxergados apenas pelos seus costumes, e também pelos seus conflitos internos e sentimentais. Com isso o sertão de Rosa será um universo mítico e supersticioso, seus personagens terão crenças politeístas e serão umbandistas e espíritas. A prosa se mistura com a poética através dos neologismos e outros elementos da poética que Guimarães Rosa utilizou.

A Renovação da Linguagem
A renovação da linguagem na obra de Guimarães Rosa vem para criar novas sensações, não apenas narrar o fato, mas unindo a poesia, a prosa, a retórica, o informal e etc, e criando um jogo de palavras que desperte o interesse do leitor para um novo estilo, um estilo que Guimarães Rosa criou para dar vivacidade e dinamismo em sua literatura. Rocha (2000) analisou por meio da gramática e o texto de Guimarães Rosa o uso dessa nova linguagem, ele comenta que as regras gramaticais da nossa língua bloqueiam alguns usos nos sufixos de vocábulos, por questão pragmática como o uso de doleiro (sufixo “eiro”) e não o uso do sufixo “eiro” em iene, ou por questão da já existência de outra palavra que substitua a nova criação. Guimarães Rosa modifica os vocábulos já existentes na língua portuguesa para dar ritmo, poesia e estilo. Sobre isso, Rocha diz:
Para tornar a sua língua mais original e sedutora, Guimarães Rosa executa várias intervenções morfo-cirúrgicas nas palavras que utiliza. Um dos artifícios mais instigantes e revolucionários de que lança mão para a consecução desse objetivo é o desbloqueio, como procuramos demonstrar. Desse modo, as palavras da prosa rosiana recebem um toque mágico e passam a funcionar como guizos que tilintam insistentemente, com o intuito de carrear a atenção do leitor para o espaço específico de sua criação linguística. (ROCHA, 2000, p. 369).

Podemos comparar no conto “Antiperipléia” de Tutaméia (1967) o uso da linguagem popular, erudita, a criação desses novos vocábulos e a poesia em prosa:
Eu, bêbedo e franzino, ananho, tenho de emendar a doideira e cegueira de todos?
Deixassem – e eu deduzia e concertava. Mas ninguém espera a esperança. Vão ao estopim no fim, às tantas desastrou, os outros agravam de especular e me afrontar, que me deparo, de fecho para princípio, sem rio nem ponte.
Dia que deu má noite. Êle se errou, beira o precipício, caindo e breu que falecendo. Não pode ter sido só azares, cafifa? De ir solitário bravear, ciumado, boi em bufo, resvalou... (ROSA, 1967, p. 15)
O termo “ananho” não é conhecido da língua portuguesa, mas devido ao contexto de que o narrador personagem se autocaracteriza, ele é “franzino”, franzino é um adjetivo que pode se associar a outro adjetivo, tal ele é “anão”, a palavra “ananho” pode ser uma modificação que Guimarães Rosa fez da palavra “anão” para dar um novo ar de movimento a sua narrativa. O uso do anacoluto em “caindo e breu que falecendo” simplesmente poderia ser usado na narrativa comum e de vocabulário informal “caindo na escuridão e morrendo”, pode-se relacionar “breu” a “falecendo”, já que a vida representa luz e a morte escuridão, tanto que essa antecipação da morte ocorre em “Dia que deu má noite”, ou, “uma vida que teve uma morte trágica”; o uso do anacoluto dá um sentido poético ao conto, e nesse caso, afirma de forma concreta através da narração do fato sobre a antecipação que a frase anterior disse em forma de símbolos, essa simbologia também dá poesia ao texto.

A criação do estilo de Guimarães Rosa é tão peculiar que para Antônio Cândido, Grande Sertão: Veredas contém:
...eu queria dizer que Grande sertão: veredas é desses livros inesgotáveis, que podem ser lidos como se fossem uma porção de coisas: romance de aventuras, análise da paixão amorosa, retrato original do sertão brasileiro, invenção de um espaço quase mítico, chamada à realidade, fuga da realidade, reflexão sobre o destino do homem, expressão de angústia metafísica, movimento imponderável de carretilha entre real e fantástico e assim por diante.
Essas características também podem ser encontradas nas demais obras de Guimarães Rosa, não só em Grande Sertão: Veredas.

O universo mito poético em Guimarães Rosa
Em muitas obras de Guimarães Rosa encontra-se a mistura de mito na estrutura do romance e a poesia, como dito anteriormente. O mito na obra em geral rosiano vem como marca de seu estilo, além do estilo expresso através da palavra, a construção do enredo é também marca de seu estilo, ele se utiliza do mito para agregar estilo a sua narrativa. Segundo Reinaldo (2000), Guimarães Rosa utiliza o mito através da canção em Grande Sertão: Veredas, onde Siruiz atua como oráculo no começo do romance, toda a passagem em que Siruiz aparece, ocorre sugestões que se concretizam posteriormente, essas sugestões são captadas por Riobaldo em seu subconsciente, tanto que depois de ouvir Siruiz cantar, Riobaldo decide fugir da casa de Selorico Mendes e une-se aos jagunços e apaixona-se por Diadorim, seu subconsciente capta a mensagem de oráculo que Siruiz faz e decide seguir a previsão, essa busca pela concretização do destino é uma busca que o ser faz para se auto descobrir também. Siruiz como oráculo, utiliza da palavra cantada para dizer o destino de Riobaldo, a canção é caracterizada pela musicalidade da poesia e eis que surge a canção. O mito vem por conta de obras já conhecidas, onde os oráculos utilizavam de metáfora ou canção para sugerir o que sucederia ao herói, essas sugestões sempre eram vagas e o herói deveria intepretá-las, não apenas para conhecer seu futuro, mas para mergulhar dentro de si e se interpretar, só através da experiência o herói consegue também conhecer a si próprio.

Já no conto Nada e a nossa condição (1962), Faleiros (2007) diz que o mito pode ser visto como a comparação do personagem  Tio Man’Antônio com a fênix, onde a personagem desenvolve sua riqueza através do trabalho em sua propriedade rural e depois se desfaz do seu ganho através da doação da propriedade aos seus empregados, isso pode-se chamar de transcendência, onde o ser abdica de tudo para poder crescer espiritualmente, alcançar um novo patamar de existência, a vida após a morte; a casa em chamas no final, representa a morte de Tio Man’Antônio e sua transcendência de largar seu ultimo bem terreno e renascer no céu. A poética fica por conta do estilo de Guimarães Rosa em sua composição vocabular no conto, aliado as palavras sugestivas dentro da narrativa no mito da fênix.

Referências:
ROCHA, Luiz Carlos de Assis. Guimarães Rosa: Criação lexical, bloqueio e desbloqueio. Veredas de Rosa – Seminário Internacional Guimarães Rosa. Organização: Lélia Parreira Duarte ET AL. Belo Horizonte: PUC Minas, CESPUC, 2000, p. 364-370.

FALEIROS, Monica de Oliveira. A narrativa poética de Guimarães Rosa: Uma leitura de “Nada e a nossa condição”. Itinerários, Araraquara, n.25, 2007, p. 159-169.

ROSA, João Guimarães. Antiperipléia. Tutaméia – Terceiras Estórias. Rio de Janeiro: editora José Olympio, 1967, p. 13-16.

GOMES, Cristiana. Guimarães Rosa. InfoEscola – Navegando e aprendendo. Disponível em: http://www.infoescola.com/literatura/guimaraes-rosa/
Acesso em: 02 nov. 2014.

João Guimarães Rosa – Biografia. Academia Brasileira de Letras. Disponível em: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=681&sid=96
Acesso em: 01 nov. 2014.

João Guimarães Rosa – Bibliografia. Academia Brasileira de Letras. Disponível em: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=683&sid=96


Acesso em: 01 nov. 2014.

domingo, 9 de novembro de 2014

O tempo e a morte.

Permaneça esses olhos de fúrias
Esses olhos de medo
Esses olhos de dor
e solidão

Permaneça esses olhos que sempre latejam
De frieza
De fúria
E de desamor

Esses olhos que morrem
Que perdem o brilho,
como o coração.
Esses olhos que possuem o coração ferido
O coração envenenado
O coração morto.

Olhos negros,
eles o são!
Olhos tão mortos,
que  atraem ainda falsos amores,
corações que se acham vivos,
mas não o estão!

Tempo,
você está matando tudo.
E eu não quero,
que nada morra,
Nem a beleza.
Nem a vontade.
Nem o coração.

Mas tudo o que posso manter,
são os olhos mortos.
Mortos de fogo,
mortos de dor,
mortos vivos,
vivos mortos.

Tudo morto,
e o silêncio -
desperta-me.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Diferenças

Aprendi que o amor grita
Sendo criança ou adulto.
Grita porque os corações são diferentes.
Um rosa, outro cinza, outro verde, outro turquesa.
Brigam porque são diferentes.
E mesmo que briguem, 
Os corações se amam,
E não se deixam de se amarem por pensarem diferente,
Eles se olham, e lá está o amor novamente.
Intocável pelo ódio.

sábado, 1 de novembro de 2014

Serpente

A cada pele deixada para trás
Uma morte
E uma nova vida.

Na morte há vida
A vida de uma nova transcendência.
Uma nova vida me aguarda em cada morte.
Assim a serpente
Renasce.
Em suas novas forças 
Para matar.

Em cada presa,
Ela ganha mais vida.

O veneno em suas presas,
É o novo passaporte,
Para uma nova existência.

A morte da criança,
A morte do amor,
A morte da bondade,
A morte do coração.

O nascimento do adulto,
O nascimento do ódio,
O nascimento da discórdia,
O nascimento do nada.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Pessoas

Tão comuns os rostos passando pelas ruas.
Uma a uma
Passam em minha vida,
como na calçada da rua,
sem presença em minha vida,
talvez uma ou outra que reconheço,
como em minhas memórias perceptíveis e abertas no baú de objetos.
Passam e apenas olho,
nenhum aceno,
apenas o brilho no olhar,
um brilho aparentemente frio,
mas muitas vezes um brilho quente em meu coração.

Você que simplesmente não consegue distinguir.
Se bem que eu disfarço o coração em meus olhos,
com lentes escuras o bastante,
para que o transeunte não perceba nada,
nada além dessas lentes mortas.

Adorado coração

Meu adorado
10 vezes adorado
100 vezes adorado
1.000 vezes adorado
10.000 vezes adorado

Meu adorado coração 
Meu adorado coração você possui
E é em todo seu ser, o meu adorado coração

E agora vou-me embora 
E o adorado coração fica contigo
Minha alma fica em ti
Talvez um dia você regresse e,
Se seu coração adorado for meu
Eu o estarei sempre guardando,
Mas se não o for,
Você então será sempre o dono de meu adorável coração.

E eu ficarei sem ele.

Palavras

Palavras.
Calmas, escuras, simples como a noite.
Mas em toda sua calmaria e simplicidade,
Basta uma de vocês, 
Um olhar rápido, como que para cada estrela do céu,
E toca nosso coração.
Que transborda,
E se afoga.

E dura,
Tão rapidamente e tão longamente.
Como se fosse a primeira e última vez.
E permanece,
Outra vez.
Trancada no coração, 
A espera da liberdade.

É livre e escrava.
E parada no ar,
Tentando ser pega.

Chuva

Chuva,
molhe meu rosto com suas lágrimas,
podes chorar,
eu estou aqui para vê-las cair,
se serve de consolo,
as minhas também serão expulsas de meus olhos.

Nossos corações doem,
Latejando neste dia tão triste,
mesmo que sejam motivos distintos,
é dor de qualquer jeito.

Chuva,
eu chamo seu nome,
e você apenas olha,
enquanto chora.
As gargantas mudas,
pois a dor não permite,
só nosso coração é o que importa.

Chuva,
sua dor,
é dor,
e alegria a outros.
Nossas lágrimas são parecidas,
pois há quem alegre-se com minhas lágrimas.
São tão salgadas...

Pela última vez eu a chamo: Chuva.
Eu adentro em meu mundo e adormeço
Para esquecer a dor,
Mesmo que quando eu acorde,
ela não vá embora.

E você...

Já se foi...

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Lembranças

O sono que se perde em ralas lembranças,
Os anseios,
Os desejos,
De um passado infinito dentro da alma.
O passado que nunca morre,
Sempre permanece
Atormentando a alma.

Relembrando infinitas vezes,
Com a mesma dor,
Com a mesma paixão,
Como se fossem os últimos suspiros da vida,
E as cascatas de hematomas das dores da alma,
Que correm gravidade abaixo.

Ah...A dor...
Ah...A paixão...
Ah...A inocência...
Ah... O poder infinito de poder reviver tudo isso...
O precioso poder.

Cega Noite

O céu desbotado 
Do negrume
Que era irradiantemente o mistério
A Iris dos olhos
A luz intensa dos prédios 
Ofuscaram e cegaram o céu.

A cor desbotada.
Sem vida,
Sem graça.
Céu, 
Seus olhos negros desfaleceram.
Não posso mais ver a luz própria que você continha.
A luz contida no mistério.
Negro, negro como a ex-noite.
Morta.
Agora a noite transfigurada.
Se tornou opaca.
Com tantas luzes fictícias
Que a cegaram.

Cega,
Cega e seus olhos perdidos.
Entre tantas luzes,
Que não a fazem mais enxergar...

domingo, 28 de setembro de 2014

Fortaleza

Destrua-me
Em águas profundas
Toda a amargura
Tornaram esse coração forte

Forte a todos os desafios
Forte aos ventos mais fortes
Forte aos olhares mais fúteis
Forte a falsa tristeza
Menos forte para o amor

O amor pode tudo
Deixa-me fraca
E doente
Irresistível sua figura tão ambígua
Bela e Nojenta
Completa e Fragmentada

E quando você deixar meu corpo na praia,
Amor.
Quem irá me pegar no colo e levar-me ao porto seguro
É minha amada amargura
Que irá me nutrir
Que irá cuidar de mim
Que irá me amar
E eu sempre a trairei
Sempre e sempre atrás do inalcançável

Mito do amor.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Irresistível

Irresistível amargura
Que beija-me
Por mais que doa
Sua mão adentro do meu corpo!
Louca querendo meu coração!

Olha-me nos olhos
Querendo penetrá-los e possuí-los.
No mais quente cubo de cinzas.
Doma-me as cegas
As mãos rubras.

Por que me fazes querer mais?
Por que queres mais?
Mais e mais?
Mais dor
Mais amor em sofrer.
Para que nunca se esqueças de mim?
Para que eu nunca esqueças de ti?
Quantas vítimas já fez, amargura?

Do copo que bebes,
Eu o bebo.
Pede-se mais um pouco de dor.
Para que possamos estar juntos.
A eternidade louca dos cinco minutos.
Olhos nos olhos
Meu coração quase em suas mãos.

O que fará depois que se tornar cinzas?
Tentará reconstituir para que a eternidade de suas mãos rubras permaneça?
Qual é o prazer em todo esse desespero?
É tal como o droga, sempre mais
Sempre prazer, nunca a dor sua.
Somente a minha.

Solidão

As luzes direcionadas
Você apenas as observa
Na sombra
Irreconhecida
Esquecida
Sombra
Que move lentamente
As mãos

O coração mais pesado que aço
É tão difícil carregá-lo
Na lúgubre sombra esquecida.
Infelizmente a luz parece o domínio
Mais cobiçado de toda a galáxia.
E a sombra menos esgorjada.

Se a luz pudesse me tocar...
Se ela pudesse me tocar
Poderiam me ver
Me amariam
Me adorariam
Me idolatrariam

Me amariam
Me adorariam
Me idolatrariam
Me amariam
Me adorariam
Me idolatrariam
Me amariam
Me adorariam
Me idolatrariam
Me amariam
Me adorariam
Me idolatrariam

E nunca mais deixariam-me em paz.
Nunca mais haveria o privilégio de estar só.
Nunca mais
Nunca mais poder ficar consigo mesma.
Nunca mais
Nunca
Nunca mais
Pois você deveria ser o modelo deles
Seguir os padrões conforme eles obrigam
Ser seu novo escravo.
Forjado na luz cegante
De ser uma estrela
De ser outro!
De nunca ser eu!

Me amariam
Me adorariam
Me idolatrariam
Me amariam
Me adorariam
Me idolatrariam
Me amariam
Me adorariam
Me idolatrariam

E nunca mais deixariam-me em paz.
Nunca mais haveria o privilégio de estar só.
Nunca mais
Nunca mais poder ficar consigo mesma.
Nunca mais
Nunca
Nunca mais
Pois você deveria ser o modelo deles
Seguir os padrões conforme eles obrigam
Ser seu novo escravo.
Forjado na luz cegante
De ser uma estrela
De ser outro!
De nunca ser eu!

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Primeira vez

Vento do sul
Por que me beijas ternamente?
O toque suave e frio de seus lábios sobre os meus.
Beijas a mim.
Beijas as flores.
Beijas a tudo e a todos.

Vento
Beijas, por favor,
Até o mais profundo segredo do meu coração
Esses segredos precisam de seus beijos
Os únicos que os farão abrirem os olhos
E sentirem o que sentiram outra vez
Mais vida que seus beijos não há
Os beijos dos quais eu desejo loucamente.

Vento
Beijas-me, por favor,
Faça com que eu sinta seus braços em volta dos meus.
Há tanto tempo que você não me abraça.
Há tanto tempo meu coração foi guardado a ti...
Há tanto tempo que quando me abraças e me beijas
É como se fosse a primeira vez.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Estrela

Estrela 
Que brilha para viver
Brilha e tinge o céu sem saber
De seu brilho
É apenas vida que corre em suas veias
E brilho que emana de sua face

Estrela
Que é motivo de meus longos pensamentos
Como brilha tão solitária?
Se suas conterrâneas estão tão longe?
Será que é o desejo de outra que faz você viver e brilhar?
Será?

Estrela
Brilhe para mim
Mesmo que deseje outra
Para que eu possa te ver e te desejar também.
Seu brilho é meu consolo
E minha alegria.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Estampa apodrecida

Os dias se vão tão rapidamente!
Como posso agarra-los?
Não há... Como...

A mudança imperturbável
Sempre o mesmo céu
Dia após dia
Noite após noite
E eu vou apodrecendo por fora

Não é a beleza que eu venere
É a juventude
A velhice da face que não combina com a juventude da alma.
Eu queria mostrar a juventude da alma
Outra vez estampada em meu rosto.

A estampa apodrecida
O véu que cobre meu rosto
Eu deveria ser uma cobra
E trocar de pele com certa insistência.
Eu gostaria.

A estampa apodrecida
Rachada, completamente rachada
Fina e terrível de se ver.

Tudo em vão
Só posso olhar a foto que me atormenta
E lembra-me dias gloriosos 
Lembra-me que os dias estão se esgotando.
E eu não posso mais ser o que fui.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Infelicidade

A minha infelicidade consiste
Em nada acontecer novamente
Nem mesmo em minha mente

Nada do que fui
Nenhum momento inocente
Pode renascer outra vez
Repetir outra vez
Em minha mente

Cântaros de água jorram
Sob minha face
Nenhuma memória
Apenas o nada
E a dor de não possuir
Nada

Nada...

domingo, 24 de agosto de 2014

Sangue

Outra vez o sangue abandona-me
Caminhando para a inexistência.
Eu sou a vida
A vida escrava 
Da qual você quis libertar-se
Do que escolher a mim.

sábado, 23 de agosto de 2014

Vento

Beije-me
Beije-me o quanto puderes
Vento indolente
E afável

Beije-me com todo seu ódio.
Fortemente.
Beije-me com todo seu carinho.
Suavemente.

Beije-me, beije-me aos montes,
Beije-me honestamente e friamente,
Nesse rosto de dor
Beije-me loucamente,
Antes que esse corpo não sinta mais calor

Aproveite
Enquanto puderes,
Minha pele e meus cabelos,
Meus olhos e minhas mãos,
E dance comigo.
Sob as ondas de meus cabelos
Você conduz a musica,
Tristemente
Pela ultima vez.

Antes que o abismo me traga minhas asas
E meu coração se exploda de amor uma ultima vez,
Antes que eu possa mergulhar nas águas mais profundas

Da dor

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Voltando

E você voltou para mim novamente.
Fervendo
Você voltou para me matar novamente
Mutilando

Você voltou para mim novamente

O passado
Tão destruidor
Do qual eu não posso fugir.
Com seus olhos ocultos

Você, eu não posso fugir
Não que eu queira
Mas eu não consigo ir
Não consigo deixar dessa prisão.
Você é tudo o que quero

Passado, por que embebeda-me com um simples olhar?
Por que é mais forte que minha vontade?
Por que suas palavras são tão fortes?
Atraiu-me para sua armadilha mortal
De lábios enganosos
Lábios maravilhosos
De dor e desespero.

E você voltou para mim novamente.
Fervendo
Você voltou para me matar novamente
Mutilando

Você voltou para mim novamente

O passado
Tão destruidor
Do qual eu não posso fugir.
Com seus olhos ocultos

Você, eu não posso fugir
Não que eu queira
Mas eu não consigo ir
Não consigo deixar dessa prisão.
Você é tudo o que quero

Passado, por que embebeda-me com um simples olhar?
Por que é mais forte que minha vontade?
Por que suas palavras são tão fortes?
Atraiu-me para sua armadilha mortal
De lábios enganosos
Lábios maravilhosos
De dor e desespero.

De lábios enganosos
Lábios maravilhosos
De dor e desespero.
De lábios enganosos
Lábios maravilhosos
De dor e desespero.
De lábios enganosos
Lábios maravilhosos
De dor e desespero.
Dos quais eu sempre voltarei.
Desejando mais.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Sol

Esculpindo tão rapidamente
O sol caindo
Tão lentamente
As cores nas quais se desfaz
Nenhuma câmera pode captar
Mas nossos olhos foram agraciados

Morrendo dia após o outro
É a morte bela
Talvez o sol venha nos mostrar que a morte é mais bela que o nascimento
E logo após todo o céu
Como em uma pequena cidade
Mostra pequenos pontos de luz brilhantes

Seu nascimento nunca é tão belo como sua morte
Pois no nascimento o sol sempre brilha
Sem aquela pausa de escuridão para relembrarmos mil vezes em nossas mentes
Suas cores.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Enterro

A cidade se configura
O sol se vai
E seus habitantes também

Sol
Eu lamento a sua morte
Eu lamento a sua ida
E a minha também

Lembro-me de dia após dia
Repetidos
E que não posso mais recuperá-los
Mas posso revivê-los em meu coração
Toda a tristeza calma 
E boa que sempre senti

Tristeza
Tu me abandonastes como o sol?
Não
Sempre está escondida
Com medo de meus gritos
Mas quando a chamo
Prontamente você vem
Desejando apenas meu olhar

Tristeza
Eu a enterrei
E a desenterro quando quero
Você volta dos mortos
Com aqueles olhos melancólicos e tristes 
E eu sei que deveria estar sempre contigo
Mas sua presença me fere
E eu a afasto
Mediocremente
Eu sou tão hipócrita!
Renegando o amor que você tanto deseja de mim!

Outra vez eu a enterro
Mas você continua viva
Em minhas lembranças
Um atormento triste e delicioso

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Voar

Sou um pássaro
Com medo de voar

Quero jogar-me do precipício
Mas tenho medo de sentir a dor
Quando meu corpo se espatifar no chão

Tantos outros voam
E eu os detesto
Mas eu gostaria de voar
Da minha maneira
Não do jeito que eles querem

Fuga

Tenho fugido!
Todos estes anos 
De mim mesma!

Buscando conforto
E negligenciando meu coração através dos livros
Deixei o que estava perto de mim ficar longe 
E o que estava longe, perto.

Com medo da destruição que posso causar a mim mesma
Com medo da felicidade
Com medo da rejeição
Eu tenho buscado decifrar meu coração 
Inutilmente
Pois mais analítico e frio ele se torna

Onde estará aquela menina de olhos escuros e tristes?

quarta-feira, 30 de abril de 2014

O fim do arco íris

Oi galera, hoje eu vim postar um poema que é um trabalho da faculdade, o poema é baseado na temática do "World and the rainbow Allience - Meiling Jin" onde deveríamos criar um poema com a temática do arco íris e o que ele representa no mundo dos sonhos, só que o do aluno.
Como não dou dada a rimas e métrica, eu faço sempre minhas poesias só com o coração.

O fim do arco íris

Caminhando para o final do arco íris
Irei alcançar?
O que haverá?
Ainda não sei...

Talvez encontre a mim mesma
Aqueles mesmos olhos negros
E amedrontados
Só esperando
Por esse encontro
Talvez ela tenha tantas perguntas quanto eu
E tantas respostas quanto eu.

A grama será verde
E o sol estará fraco
E ela estará com medo
De ficar sozinha outra vez
Apenas me esperando
Para poder entender a si mesma.
Do mesmo jeito que eu desejo isto.

domingo, 27 de abril de 2014

Por ele mesmo

E quando meu coração tombar.
O que ele se tornará?

Um monte de pedras?
Cacos de vidros sem valor?
Ou cinzas que o vento leva para se desintegrar?

Meu coração morto
Sem piedade
Queimado
Perfurado
Petrificado
Por ele mesmo
Por seu descuido
Pela sua inocência 
Por sua culpa
Por ele mesmo
Roído pelo desespero

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Olhos verdes

Os olhos verdes
Que beijam os meus olhos
Em brilho inocente e fosco
Como as folhas do mato
Que encaram-me com indecência inocente 

Um verde que chega a ser translúcido e fosco ao mesmo tempo
As nuançes mudam
E os beijos também

Ah olhos cor de folha!
Por que perseguem-me?
Nunca param de me observar
Em suas desavergonhadas contemplações.

Brilhe!
O sol o torna mais belo e radiante!
Brilhe como a esmeralda
E continue a observar-me

domingo, 6 de abril de 2014

Meu coração

Talvez o que você não sabia
Que no seu abraço frio
E no meu abraço quente
Eu havia lhe dado meu coração

E você levou-o

Talvez,
Se você o notar
Espere-me!
Terei que atravessar o fino véu que está do outro lado do oceano
Para poder te achar
E então no seu quente abraço
E no meu desesperado abraço
Eu possa ter meu coração outra vez...

A Morte

Não choro mais
Como se eu vira-se uma estátua de mármore sujo e encardido
Desde quando eu me tornei insensível?
Talvez desde aquela vez...

Passei por tantas mortes
Mas eu não percebi
Que o veneno fez efeito
Desde quando eu me tornei insensível?
Talvez desde aquela vez...

As únicas lágrimas que posso mostrar
São as lágrimas do passado
E é como se eu recuperasse meu coração
Que está tão vazio agora...
Mais solitário do que nunca
Nessa multidão de felicidade falsa

Desde quando eu me tornei insensível?
Talvez desde a ultima morte
Ela foi lenta e dolorosa
A ferida que não se cura
Nunca mais
Para me destruir
E apodrecer
Lentamente...

domingo, 30 de março de 2014

Saudade maldita

Se pensas que eu o esqueci
Engana-se
Não o visito pelo meu amor próprio e minha preguiça serem maiores
A minha mesquinhez
De amá-lo tão fundo na alma
De dar-me uma fraqueza e não o vê-lo

Minha alma se consome
Pela saudade de ti
Esperando que quando não haja mais desculpas
Eu possa te ver novamente

Saudade!
Por que me consome?
Por que devora-me como devorou Werther?

Saudade!
Deixe-me!
Pare de destruir-me
E faça com que minha mesquinhez seja maior e eu esqueça do espectro que assombra minhas lembranças!

Deixe-me ser indiferente
Saia de mim saudade!
Abandone-me a alma!
Porque a dor da saudade é avassaladora 

quarta-feira, 26 de março de 2014

Pedido

Eu posso lembrar
Seu rosto com a expressão de quem está dormindo
Seus olhos cerrados
Como se a qualquer instante se abrissem

E como desejei!
Horas esperando em pé
Apenas te olhando
E desejando sua volta
Enganando meu coração

Como se fosse um sonho 
Eu não aceito sua partida
Acreditando que os sonhos são mais reais que a realidade
E a realidade um pesadelo

Apenas volte
Faça a realidade dos meus sonhos
Faça que eu sinta a melhor sensação do mundo
Estar com você

O querer e o não querer

Estou procurando
Não sei o que
Não sei onde 
Mas reviro desesperadamente
A minha alma!

Mas primeiro preciso analisar...
O que sou?
Por que sou assim?
Por que reajo desta forma?
A única pista que tenho é a dor

Impossibilitada de gostar de coisas fúteis 
Eu vivo no mais profundo mar de ferrugens
A água deste mar me corroe
Mas eu não me importo
Até gosto...

Preciso enfrentar
Não sei o que
Mas preciso acha a mim mesma e lutar
Lutar para que todos gostem de mim
E eu me odiar eternamente...

Preciso ser mentirosa
Preciso fingir
Preciso vender meu corpo e minha alma
Apenas para gostarem de mim...
O que farei com os destroços que restar?

Por mais que eu queira jogar minha armadura
Eu a quero loucamente
Com medo das batalhas que surgirem 
Meu escudo é minha defesa e ataque
A tudo o que ameaça-me